Camerin Gazzana Advogados

No momento, você está visualizando O novo ChatGPT e a Inteligência Artificial em (Des) Favor da Advocacia.

– “Boa tarde”. Uma simples palavra inicia um diálogo virtual de forma instantânea e do outro lado da tela algo disposto a lhe ajudar. Small talk, como diriam os americanos. Trata-se de ChatGPT que tem sido considerado uma das tecnologias mais disruptivas.

Em breves comandos, a ferramenta mostra os potenciais da inteligência Artificial para simplificar o nosso dia a dia com a entrega de informações de extrema qualidade.

Todo o seu raciocínio é feito a partir das informações de texto que foram inseridas no “robô”. As respostas a qualquer pergunta em diversas áreas são rápidas e complexas, o que possibilita uma conversa fluída.

E, qual a aplicabilidade dessa ferramenta no mundo jurídico?

  • Análise de documentos;

  • Pesquisa de leis;

  • Redação de Documentos;

  • Perguntas e Respostas;

  • Elaboração de Apresentações;

  • Preparação de reuniões ou audiências;

  • Cálculo de riscos de processos, analisando as tendências de julgamento dos Tribunais.

Diante desse cenário vê-se a inquietação de vários colegas que levantam a seguinte questão: a inteligência artificial vai substituir a profissão do advogado? Ora, nem tudo é simples como pode parecer em um primeiro momento. Basta pensar que pessoas doentes buscam médicos, mas nem por isso médicos deixam de buscar métodos artificiais para diagnosticar doenças, sem que uma coisa substitua a outra e o mesmo ocorre em qualquer área. A I.A. ou Inteligência Artificial veio pra ficar e vai gerar sim impacto na área do Jurídica, especialmente naquelas tarefas cotidianas dos escritórios de advocacia e dos gabinetes de Magistrados/ Promotorias, consideradas de “backoffice” ou mecanizadas, tais como: a automatização de tarefas rotineiras nos controles internos de prazos e tarefas; gerar relatórios e índices de andamentos, bem como na análise de quantidade extensa de documentos e na promoção de pesquisas rápidas. O ChatGPT irá otimizar o tempo de trabalho e permitir que o advogado seja deslocado para outras tarefas, o que irá auxiliar e qualificar ainda mais as questões dos seus clientes, trazendo muito mais tempo para que se dediquem as questões de maior complexidade e importância.

Daniel Marques, advogado, filósofo e diretor executivo da Associação Brasileira de Lawtechs Legaltechs – AB2L, diz que a Inteligência Artificial não vai substituir o advogado, mas, sim, os profissionais que não souberem como usá-la, o que é um fato inegável.

É aquele famoso ditado: o robô pode até escrever um pedido de divórcio, mas nada escapará ao toque humano de conduzir o processo de forma pessoal e buscar o melhor interesse para os envolvidos em conflitos familiares. Ou mesmo, atender os menores em casos de alienação parental ou a mulher vítima de agressões.

É impossível não se impressionar com o ChatGPT. No entanto, é necessário ter cautela durante seu uso. Segundo Felipe Palhares, sócio das áreas de Proteção de Dados e Cybersecurity, e de Tecnologia e Negócios Digitais do BMA Advogados – eleito um dos Mais Admirados do anuário ANÁLISE ADVOCACIA 2022 -, “embora a ferramenta tenha a capacidade de elaborar respostas razoáveis para questões mais simples e diretas, elas muitas vezes ainda estão dissociadas da realidade fática e das peculiaridades”. Segundo ele, é possível que algumas respostas da ferramenta não sejam completamente corretas. 

Em suma, o advogado ou qualquer que seja o profissional afetado pela inserção da Inteligência Artificial terá que ter atribuições para ser o supervisor da tecnologia. Para isso, ele precisa estar preparado para este mundo novo ou senão, está fadado a perder espaço para robôs e para outros advogados especialistas nos desafios da Era Digital.

Por Susan Caser Gazzana,

Advogada, OAB/RS 67.944,

Pós-graduada em Direito Público

e Especialista em direito de Família,

sócia da Camerin Gazzana Advogados Associados.